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There is no free lunch (ou “trate de estudar e trabalhar porque experiência não cai do céu!”)


O termo “não existe almoço grátis” parece ter surgido nos EUA nas primeiras décadas do século XX. Era, e ainda é, uma crítica descarada a um tipo de venda casada (ou, em bom português, pilantragem comercial) feita em alguns bares e restaurantes populares das terras do Tio Sam: se o cliente tomasse um trago, breja, goró ou bebida alcoólica, seu almoço sairia de graça. Pena que pouca gente via que o preço do sólido estava embutido no valor do líquido.

E quase 100 anos depois, a tática ainda rola solta. E no mundo da fotografia também.

Por causa de algum cookie intrometido, ou do algoritmo nada bobo do Facebook, muito anúncio estranho aparece na minha timeline. A maior parte, oferecendo conhecimento “di grátis” para quem está decidido a entrar no ramo da fotografia pela glamorosa porta da frente.

E, acredite, tem muito anúncio vendendo milagre naquela rede social.

Só de olhar alguns exemplos, fica descarado a retórica da pilantragem. Tem gente que diz revelar “os segredos dos grandes mestres”, como se a fotografia fosse um ramo obscuro de alguma sociedade secreta. Imagino que as aulas aconteçam em templos construídos com ébano, que guardam pergaminhos milenares contando a geometria hermética de um diafragma...

O pior de tudo não é como essa gente se vende. É como o consumidor compra esse papo.

Quando o vendedor promete grandes milagres, seja na fotografia ou em qualquer ramo comercial, o povo que corre atrás tem uma leve predisposição a soluções fáceis e imediatas. É claro, acabam perdendo dinheiro porque, lá pelas tantas do curso, acabam desembolsando um dinheiro que não haviam previsto.

E descobrem que não existe almoço de graça.

Mas não é apenas o pequeno comerciante que investe nessa tática. Eu me lembro que uma empresa grande e famosa, fabricante de câmeras fotográficas, bancou uma campanha para apresentar sua linha de compactas point & shoot. Para isso, chamou dois apresentadores de tv que, logo de cara, você reconheceria como grandes expoentes da arte fotográfica (foi uma ironia, ok?). O problema não era esse. Além de usar os argumentos de sempre, como “você não precisa saber muito para usar essa câmera”, ainda soltaram a pérola máxima da picaretagem publicitária: “com essa câmera, você vai tirar fotos profissionais em cinco minutos.”

Em fotografia, cinco minutos não forma um profissional: isso é longa exposição!

Também não existe almoço de graça quando o assunto é formação profissional. Bons cursos de fotografia são caros, workshops também custam dinheiro e a maior parte dos livros relevantes para a área valem mais do que seu rim esquerdo. Isso sem contar que todos eles consomem algo que você tem menos do que dinheiro: tempo!

Então gaste o tempo com formação e informação. Sim, vai levar mais do que cinco minutos, talvez leve cinco anos ou até mais, mas abra sua mente e aprenda novos truques a cada dia. Em fotografia, nada é de graça.


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